Histórico

O Curso de Pedagogia da UFMG, criado em 1943, funcionava na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras e tinha como principal objetivo a formação de técnicas(os) em educação para assumir funções de administração, planejamento, orientação, inspeção, avaliação e pesquisa nas escolas e nos órgãos municipais, estaduais e federais responsáveis pelos sistemas de ensino. Destinava-se também à formação de professoras(es) para lecionar nos chamados “cursos normais”.

Segundo a legislação da época a(o) egressa(o) do curso de Pedagogia poderia atuar como bacharel, caso houvesse cursado três anos de estudos em conteúdos específicos da área – ou como licenciada(o), caso cursasse um ano a mais após a conclusão do bacharelado. A maneira como o curso se estruturava evidencia a nítida separação que se estabelecia entre os cursos Normal de nível secundário e a Pedagogia. Enquanto o primeiro era destinado à formação das(os) professoras(es) da Pré-escola e da chamada Escola Primária, o segundo se responsabilizava pela formação das(os) especialistas ou técnicas(os) em Educação, bem como das(os) professoras(es) das matérias pedagógicas do Curso Normal de nível secundário. É importante salientar que, nesse período, a maior parte das(os) alunas(os) que pretendia graduar-se em Pedagogia era constituída de professoras(es) primárias(os) já formadas(os) nos cursos normais e com alguma ou muita expectativa em sala de aula. O curso de Pedagogia desempenhava, portanto, o papel de aprofundamento de uma formação docente previamente realizada.

A Faculdade de Educação da UFMG foi criada pelo Decreto-lei n. 62.317 de 28 de fevereiro de 1968, que reestruturou a Universidade Federal de Minas Gerais, como resultado do desdobramento do Departamento de Pedagogia e Didática da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. A partir de 28 de fevereiro de 1972, a Faculdade de Educação passou a funcionar no Campus Universitário da Pampulha, no prédio anteriormente destinado a abrigar o Colégio Universitário.

Com o processo de redemocratização do país, nos anos 1980, destaca-se a concepção de uma gestão democrática e colegiada das instâncias educacionais. Nesse novo contexto a figura de uma(um) especialista não professora(or), responsável pelas tarefas de planejamento, acompanhamento e avaliação, supostamente respaldadas tecnicamente, tornava-se teórica e politicamente insustentável. Passou-se, dessa forma, a defender que para ser uma(um) boa(m) especialista em educação, toda(o) pedagoga(o) deveria ser, em primeiro lugar, uma(um) professora(or) e que, portanto, a formação docente deveria ser necessariamente incorporada ao curso. Assim, na década de 1980, a maioria dos cursos de Pedagogia já incorporava a formação de professoras(es) para a Educação Infantil e para os anos iniciais do Ensino Fundamental como uma de suas principais funções.

Na Faculdade de Educação, o currículo implementado em 1986, que permaneceria até 2001, ainda que mantivesse as habilitações em Administração, Supervisão, Orientação Escolar, bem como o Magistério das Matérias Pedagógicas do 2º Grau – incorporava as habilitações Magistério para o 1º Grau (séries iniciais), Educação Pré-escolar e Educação de Adultos. O caráter inovador dessa proposta curricular residia em tornar obrigatória a formação em uma das habilitações do magistério (à escolha da(o) aluna(o)), a partir da qual poder-se-ia cursar qualquer outra habilitação voltada para a formação da(o) especialista. Desta forma o curso assumia, já naquela época, a docência como base comum da formação da(o) pedagoga(o).

A reforma do currículo de Pedagogia, ocorrida em 2001, seguiu a mesma direção. A formação de professoras(es) foi assumida como base do novo currículo e a habilitação para o magistério dos anos iniciais foi definida como obrigatória. Em relação ao campo da gestão, o currículo inovou ao suprimir as especializações em Administração, Supervisão e Orientação Escolar e criar uma formação complementar chamada “Pedagógica”, cujo nome foi alterado em 2003 para “Gestão Educacional e Coordenação Pedagógica”.

Com a aprovação e implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais/DCNs para os Cursos de Graduação em Pedagogia, resolução n. 1 de 2006, complementada pelas diretrizes para a Formação Inicial e Continuada dos Profissionais do Magistério da Educação Básica, resolução n. 2 de 2015, ambas emitidas pelo Conselho Nacional de Educação/CNE, o Curso de Pedagogia da Faculdade de Educação passou por uma reforma profunda em sua organização em que se adensa a noção da docência como base da formação Pedagógica, e visa atender a três objetivos centrais:

  1. Ampliar e aperfeiçoar a formação da docência para crianças de 0 a 10 anos;
  2. Garantir uma formação adequada e de qualidade para as áreas de gestão e pesquisa;
  3. Ampliar a possibilidade de percursos curriculares diferenciados por meio de componentes curriculares disponibilizados e agrupados nos quatro núcleos que compõem o currículo do curso – Específico, Geral, Avançado e Complementar -, e através do reconhecimento, para fins de integralização curricular, de atividades Teórico-Práticas/ATPs escolhidas pelas(os) próprias(os) alunas(os) e da oferta de quatro áreas de conhecimentos dispostas no Núcleo Específico do Curso.

Em consonância com as novas exigências sociais e com as atuais definições legais, o curso de Pedagogia da Faculdade de Educação da UFMG reafirmou, com a implementação do novo currículo, versão 2019, a dimensão plural na formação da(o) sua(eu) aluna(o).

OBJETIVO GERAL: formar profissionais da educação capazes de entender e contribuir, efetivamente, para a melhoria das condições em que se desenvolve a educação brasileira, comprometidas(os) com um projeto de transformação social.

Em conformidade com o art.64 da lei 9394/96, com os Pareceres CNE/CP n5/2005 e 3/2006 e as resoluções do Conselho Nacional de Educação n. 01 de 15 de maio de 2006 e 02 de 09 de junho de 2015, os egressos do curso de Pedagogia podem exercer:

  • A docência da Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental;
  • A docência nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal;
  • A docência em cursos de educação profissional na área de serviços e apoio escolar, bem como outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos;
  • A atuação na administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica;
  • A atuação em processos educativos escolares e não-escolares na superação de assimetrias e desigualdades sociais, étnico-raciais, gênero-sexual, econômicas, culturais, religiosas, políticas e outras;
  • A atuação na área de investigação de fenômenos educativos.

Fonte: Manual do Aluno do Curso de Pedagogia 2020