Desde agosto de 2024, o projeto PEDAGOGIA – Ocupação Artística Paulo Nazareth da FaE ganhou o território do campus da Universidade Federal de Minas Gerais tornou-se palco das obras em grandes dimensões da série Corte Seco, do artista contemporâneo Paulo Nazareth. Estrategicamente distribuídas pelo espaço universitário, os monumentos instigam reflexões e novas investigações sobre os personagens históricos retratados e suas trajetórias de resistência.

Como parte da programação do 33º Simpósio Nacional de História da ANPUH, que ocorreu na UFMG nos dias 13 a 18 de julho, e do 57o Festival de Inverno da UFMG, que ocorreu de 10 a 19 de julho, uma visita mediada aos monumentos foi realizada no último dia 16, em parceria com o Espaço Arteducação da Faculdade de Educação da UFMG. A ação, intitulada “Roteiros Patrimoniais” propôs um deslocamento que vai além do físico: um exercício sensível de debate, memória e crítica social a partir da arte, do território e da presença dos corpos que o percorrem.

A visita foi organizada pela professora e historiadora da arte Carolina Ruoso, coordenadora do Laboratório de Curadoria de Exposições Bisi Silva da EBA, em conjunto com a curadora dos espaços expositivos da FaE, a professora Daniele de Sá Alves, a partir de proposta de mediação elaborada por sua equipe – Lorena Gonçalves, Rachel Leão e Rayane Silva.
Inspirados pelo tema “(Des)confortos da História e os futuros do Ensino de História” do Simpósio da ANPUH, a atividade buscou provocar reflexões sobre o papel da arte no ensino de história no Brasil, partindo dos personagens trabalhados por Paulo Nazareth. Paulo, artista mineiro cuja obra atravessa questões de raça, território, migração e colonialismo, abriu espaço para pensarmos: quem são os personagens tradicionalmente homenageados nas praças públicas das cidades? Quais são as narrativas construídas em torno de tais personalidades? De quem é a memória em disputa?

O percurso teve início na figura de João Cândido – o Almirante Negro (1880-1969) , seguindo para a líder quilombola Tereza de Benguela (1700-1770). Ao chegar na saída da Avenida Perimetral Sul, onde está localizado o Colégio Militar, o grupo se deparou com o monumento à Carlos Marighella (1911-1969) e deu início ao debate sobre questões da Ditadura Militar no Brasil. Neste contexto, o caminho seguiu ao encontro dos personagens Dinalva Oliveira Teixeira (1948-1974), passando por Zequinha Barreto (1948-1971) com Carlos Lamarca (1937-1971), onde o grupo partilhou reflexões e realizou um piquenique no gramado da FaCE. Para finalizar o percurso, o personagem do líder Xavante Mário Juruna (1943-2002) foi o motivador de uma animada conversa sobre a questão das políticas públicas no Brasil e a presença indígena nas instâncias governamentais. Com um grupo composto por estudantes da licenciatura em Educação do Campo, professores e visitantes do Simpósio de História e do Festival de Inverno, a caminhada provocou os participantes a perceberem os monumentos não como peças fixas no tempo, mas como documentos vivos. Durante a visita, temas como apagamento histórico, resistência, identidade e o tensionamento da ideia tradicional de herói foram debatidos.
São propostas como esta que nos mostram a potência da arte em ampliar os modos de produzir conhecimento e de reconhecer múltiplas memórias, especialmente aquelas que foram sistematicamente silenciadas. Os espaços expositivos da FaE – Arteducação e Poéticas – têm buscado maneiras de contribuir para a formação crítica, comprometida com a justiça social e atenta às potências da arte, promovendo encontros, exposições, palestras e demais eventos.
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