Desde 01 de agosto de 2024, quem passa pela UFMG pode encontrar as imensas obras de arte instaladas pelo campus. Os monumentos são de autoria do artista contemporâneo Paulo Nazareth, natural de Borun Nak, ou território dos Boruns, atualmente denominado como Governador Valadares (MG).
As esculturas fazem referências a personagens da luta contra as opressões que marcam a história do Brasil. São eles: Mário Juruna; Carlos Marighella; Teresa de Benguela; Carlos Lamarca ferido sendo carregado por Zequinha Barreto; Dinalva e por fim, João Cândido, o Almirante Negro.
As obras de estruturas monumentais, esculturas de madeira revestidas de chapas de alumínio medindo entre 6 e 9 metros de altura. Elas fazem parte da série “Corte Seco”, na qual o artista busca prestigiar personalidades negligenciadas ou mesmo apagadas da historiografia e memória nacional, nos convidando a refletir sobre suas vidas, trajetórias e contribuições. Assim, o artista evidencia seu compromisso ético com povos indígenas e afro-brasileiros – parte de sua ascendência, promovendo, por meio do seu trabalho artístico, um debate crítico, questionando as ideologias dominantes e seus dispositivos de violência e racismo estrutural.
A instalação das obras pelo campus, tem o apoio da Pró-Reitoria de Cultura da UFMG e da Mendes Wood DM, e é um desdobramento do projeto “PEDAGOGIA – Ocupação artística Paulo Nazareth” desenvolvido por nove meses, de novembro de 2023 a julho de 2024, na Faculdade de Educação da UFMG, sob curadoria e coordenação da Professora Daniele de Sá Alves. No contexto expográfico da “Ocupação”, foi possível conhecer um pouco mais da série Corte Seco onde foram expostos, no Espaço Arteducação (FaE/UFMG), 127 desenhos/projetos dos monumentos onde eram destacadas diversas personalidades com o perfil citado.
No acesso em frente ao Colégio Militar, foi instalada a obra em que está com a figura de Carlos Marighella, um dos nomes mais destacados da resistência armada à ditadura civil-militar instaurada em 1964. A imagem contém uma representação de uma famosa fotografia do guerrilheiro apontando o local do tiro que levou da polícia, dentro de um cinema, no início da ditadura militar.
Na entrada do campus pela Avenida Antônio Carlos, está a obra que homenageia João Cândido, o Almirante Negro – que, em 1910, liderou a Revolta da Chibata no Rio de Janeiro, neste contexto, marinheiros, a maioria não brancos, assumiram o controle do embarcações da Marinha. Eles protestavam contra castigos com violências físicas e outros abusos por parte dos oficiais.
O líder Xavante, Mário Juruna está na entrada do campus Pampulha na Avenida Abraão Caram. Foi o primeiro indigena a ocupar uma cadeira no Parlamento brasileiro, como deputado federal, cujo símbolo foi um gravador que ele levava consigo a todos os lugares e situações. Se notabilizou a partir dos anos 1970, por sua luta a favor dos direitos dos povos originários, em 1982, ainda nos anos da ditadura, foi eleito.
O jardim da Faculdade de Ciências Econômicas que fica em frente ao prédio da Reitoria abriga dois monumentos. Dinalva, a Dina, uma das principais responsáveis pela preparação dos camponeses que combateram na região do Araguaia, contra o regime de 1964, desde 1973 é uma desaparecida política e a suspeita é de que tenha sido assassinada. O outro monumento se trata de Zequinha Barreto, que aparece carregando Carlos Lamarca, dupla de guerrilheiros, ambos foram assassinados em 1971, em mais um crime cometido pelo regime militar. Zequinha foi um dos grandes revolucionários da ditadura militar e representante dos movimentos estudantis e sindicais. Lamarca foi um ex-militar do Exército, envolvido com o Partido Comunistra Brasileiro (PCB) e opositor da ditadura, com o avanço da repressão, se desertar do Exército e decide ingressar na luta armada.
O jardim da Faculdade de Ciências Econômicas que fica em frente ao prédio da Reitoria abriga dois monumentos. Dinalva, a Dina, uma das principais responsáveis pela preparação dos camponeses que combateram na região do Araguaia, contra o regime de 1964, desde 1973 é uma Nos arredores da Faculdade de Educação, a homenageada é a líder quilombola Tereza de Benguela, uma heroína nacional que em 1994 foi enredo da escola Unidos do Viradouro e todo 25 de julho se comemora o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Viveu no Brasil no século XVIII e foi líder do Quilombo do Piolho, localizado no território do que viria a ser o Estado do Mato Grosso. De difícil acesso, o Quilombo foi símbolo de resistência e sistema de defesa, com sua boa articulação política, econômica e administrativa do quilombo, todos a chamavam de “Rainha Tereza”.
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