Materialidade da terra em destaque em exposição coletiva no Espaço Arteducação

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A Exposição intitulada Coletiva Terra inaugura a sequência de trabalhos selecionados no edital de ocupação do Espaço Arteducação para os anos de 2023 e 2024. O arranjo curatorial da exposição propõe o diálogo entre artistas de diferentes linguagens que se apropriam da materialidade da terra onde, cada um à sua linguagem, convida o público à fruição e à reflexão sobre questões poéticas, sociais e políticas que atravessam suas obras.
Os trabalhos de cada artista estão organizados em séries com os títulos “COM-TATO”, “CAMADAS” e “TODA TERRA”, as três séries, juntas, constituem esta coletiva que permite reverberações entre as dimensões do individual e do coletivo, do afeto e da denúncia, um mergulho entre o interior e o exterior.
A série “Com-Tato” da artista Thalita Amorim é o encontro da linguagem da performance e da prática com o barro, onde o processo da ação é o ponto de partida para desdobramentos como a produção de conhecimento a partir de um fazer ancestral, a experiência provoca os sentidos e permite conexões sensíveis entre os sujeitos da ação e da percepção. O projeto é parte de uma pesquisa que utiliza a argila como meio e como matéria investigando a relação dos corpos no espaço. Neste contexto a artista compõe a “Coletiva Terra” com registros fotográficos de performances realizadas anteriormente em uma ambiência estruturada para mais ações performáticas, nesta ocupação, sobre esteiras de palha, duas cadeiras de frente uma para a outra e um cubo branco entre elas. Em cima da esteira estão os objetos modelados pelos participantes durante as performances.
A série “Toda Terra: Serra do Curral” do artista Samuel Garcia De Alcantara é constituída por pinturas feitas com pigmentos minerais coletados na Serra do Curral em Belo Horizonte. A terra é coletada, moída e preparada para se tornar tinta, assim como nossos antepassados faziam milhares de anos atrás, essa tinta é utilizada para desenvolver pinturas paisagísticas em grandes formatos que exaltam não só as formas montanhosas características da cidade, mas também a necessidade de olhar para a serra, para a terra, para o meio ambiente, com um olhar que vá para além do lucro e do acúmulo de capital. A pesquisa, que segue em desenvolvimento, tem como objetivo explorar e evidenciar a poética e as problemáticas acerca da terra.
Na Série “Camadas”, o artista Lucas Lobato apresenta fotografias em grandes formatos, que reconstroem parte do ambiente de uma mina de ocre. A série provoca o público ao questionar: “O que somos além de camadas?” E dentre as reflexões suscitadas, o artista aponta que somos camadas, parte de outras camadas: sobreposições, nuances, fragmentos, de vida, de paisagens e de tempo. As obras possuem recursos de audiodescrição, que, por sua vez, possibilitam perceber sobre o que não se vê em uma primeira análise, mas que também faz parte do que é retratado. As fotografias da série “Camadas” estão no Espaço Arteducação e também podem ser vistas nos vãos das escadas do prédio novo da FaE, estrategicamente localizadas como um convite visual para que o público em geral visite a galeria e conheça toda a exposição.
A abertura oficial da “Coletiva Terra” aconteceu no dia 10 de maio e reuniu artistas, amigos, professores e familiares para um lanche coletivo e para a performance da artista Thalita Amorim. A programação de novas performances e conversas com os artistas seguirá durante o período da exposição e será divulgado através das redes de comunicação da galeria.
A exposição COLETIVA TERRA ocupa o Espaço Arteducação até dia 8 de junho de 2023 e está aberta a todo o público.

Conheça mais sobre cada artista:
LUCAS LOBATO
Fotógrafo, Geógrafo e Doutorando em Geografia no Instituto de Geociências da UFMG. Licenciado em Geografia pela Universidade de Pernambuco (2014), atua como professor de Geografia da educação básica em escolas públicas de Belo Horizonte desde 2016, onde busca estimular a expressão imagética pelos estudantes, investigando o uso das linguagens visuais no Ensino de Geografia. Fotógrafo e cinegrafista, participou de exposições fotográficas em cidades de Pernambuco e Minas Gerais, as mais recentes incluem “Camadas” em 2022 – Edital de Ocupação da Galeria de Arte da ALMG – e “Travessia Fotográfica” (2020-2023) – vinculada ao projeto de extensão Travessias. Na produção fílmica se destacam o documentário “Fábrica Tacaruna” (2016) e o curta-metragem “Vivacidade” (2023).

THALITA AMORIM
Nascida em Belo Horizonte, é graduanda em Artes Visuais na Escola de Belas Artes da UFMG desde 2019. Recentemente, participou da Oficina de fotoperformance pelo Fórum de Fotoperformance e da Residência “Em Transe Zona 2022”, com a apresentação da performance “Corte do tempo”. Em 2022, participou da exposição coletiva “Corpo, território decolonial” na 2a edição do Festival de Arte e Sexualidade do Instituto Se Toque. Seu fazer artístico transita entre diferentes mídias e técnicas (desenho, performance, fotografia, fotoperformance, arte-objeto, vídeo), com o interesse de questionar e romper as barreiras entre elas. Busca estabelecer trocas com o outro e com o espaço, considerando que este outro não é apenas um receptor da produção, mas que, também, participa da sua construção. Para tanto, coloca seu corpo em trânsito e em constante afetação pelo entorno e pelas relações, utilizando-o como suporte e como ferramenta.

SAMUEL GARCIA DE ALCANTARA
Nascido em Cataguases, interior da Zona da Mata mineira, se identifica, antes de tudo, como ribeirinho, que culturalmente e experiencialmente foi moldado pelo Rio Pomba em Cataguases e carrega no corpo e na memória as marcas da água, da terra, da vida na beira de um rio, com todo o amor e com toda a poética, mas também com todas as suas tristezas e mazelas. Atualmente reside em Belo Horizonte, onde faz faculdade de artes visuais na UFMG. É enfermeiro, ator, pintor, músico e palhaço. Sua formação como ator vem de um projeto social Cataguasense chamado “Feliz é Quem Toca”, experiência que possibilitou seu aprofundamento nas artes. Exercitando a criação de imagens através da pintura como seu maior desejo criativo e artístico, linguagem em que dedica integralmente para o desenvolvimento de um trabalho aprofundado a partir de temas que perpassam as paisagens mineiras e as cores das terras da região.

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